O planejamento urbano de uma cidade e os movimentos do mercado imobiliário estão bastante relacionados. Muitas vezes, as intervenções urbanísticas que o estado promove em determinada região de uma cidade surgem por causa do crescimento da população no local e da consequente construção de moradias. Em outros momentos, a indústria imobiliária age incentivada pelos investimentos dos governos. Portanto, acompanhar o mercado imobiliário é fundamental quando o Estado planeja uma cidade.
A Sedhab possui há mais de um ano um instrumento com essa finalidade. Lançado durante a reestruturação da Secretaria, no final de 2011, o Observatório Imobiliário do Distrito Federal tem justamente esse objetivo: monitorar a dinâmica imobiliária, que engloba as vendas, as compras e os contratos de aluguel na capital do país e nas outras cidades do DF. “Acompanhar essa dinâmica não é importante apenas para quem compra, vende e aluga. No caso da Sedhab, a intenção é relacionar os movimentos do mercado às políticas urbana e habitacional, quais os efeitos no mercado das ações da Secretaria e como o mercado gera pressões para que ela altere suas políticas”, explica Sérgio Jatobá, chefe do Núcleo de Acompanhamento da Dinâmica Imobiliária da Secretaria. “Muito do que o Estado faz é fruto do que o mercado já definiu, já produziu. Alterações de trânsito, colocação de rede de água, luz…então, tudo começa na valorização da terra e dos imóveis”, complementa Jatobá, concordando que o Observatório serve para dar um norte ao trabalho técnico da Sedhab. Os dados colhidos são publicados a cada bimestre no Boletim do Observatório, que já está em sua 6ª edição. O levantamento está sendo feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, FIPE, associada ao portal ZAP, que publica anúncios imobiliários na internet. O boletim compila as informações desses anúncios, de notícias publicadas na imprensa e também observações de campo. A partir daí, a Gerência de Monitoramento da Diretoria de Planejamento Urbano, que faz parte da Subsecretaria de Planejamento Urbano da Sedhab, analisa esses dados e procura relacioná-los com a política urbana do DF. A metodologia, entretanto, deve ser aprimorada. De acordo com Sérgio Jatobá, a pretensão da Sedhab é contratar uma pesquisa de mercado imobiliário relacionada a políticas urbanas. Para isso, há recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano, Fundurb. “A ideia é recuperar os preços do mercado desde 1992 e relacionar isso às cinco edições e à revisão do atual Plano Diretor de Ordenamento Territorial, o PDOT”, adianta Jatobá, destacando que essas normas estão modificando as características da cidade e refletindo nos preços do mercado.
Reflexos – Esses dados atingem o cidadão, mesmo que de forma indireta. “Com base neles, o Estado implementa políticas que refletem na vida diária dele”, explica o chefe do Núcleo de Monitoramento da Dinâmica Imobiliária. Sérgio Jatobá exemplifica. “Se há alteração de gabarito e você pode construir mais andares, esse lote será valorizado, e o proprietário precisa, de alguma maneira, compensar isso ao Estado para que prossigam as obras de infraestrutura e melhorias”. A última edição do Boletim do Observatório Imobiliário confirma a queda dos preços dos imóveis em Brasília. Até outubro, a cidade detinha o título de metro quadrado mais caro do país, mas a proximidade da Copa do Mundo e a organização das Olimpíadas levaram essa realidade para o Rio de Janeiro. Na capital do país, o preço médio do metro quadrado é R$ 8.000, ou seja, ainda é bastante caro. A valorização foi de apenas 4% em 2012, índice menor do que a inflação. “Os empreendedores não negam a desvalorização dos imóveis no DF, mas aproveitam esse fato para incentivar à população à comprar imóveis , pois isto voltaria a aquecer o mercado, elevando novamente os preços””, alerta Sérgio Jatobá.