Todas as vezes que entrega casas ou apartamentos do Minha Casa, Minha Vida/ Morar Bem, o governador Agnelo Queiroz faz questão de frisar que o governo federal e o GDF poderiam construir muito mais prédios naquele espaço. Mas a opção, segundo Agnelo, foi por empreendimentos que garantam a qualidade de vida com uma distância razoável entre os prédios, propiciando aos moradores mais espaço livre, ampla circulação e favorecendo a convivência entre os vizinhos.
Os projetos do Minha casa, Minha Vida / Morar Bem atendem aos critérios estabelecidos por uma Portaria do Ministério das Cidades. Por esses critérios, os projetos devem valorizar não apenas os espaços livres entre as construções – a distância entre os prédios deve ser de, no mínimo, 18 metros -, mas também a acessibilidade, o conforto e o lazer. É por isso que, por exemplo, todos os edifícios possuem apartamentos no térreo, destinados prioritariamente a quem possui dificuldade de locomoção.
Os projetos do Minha Casa, Minha Vida / Morar Bem no Distrito Federal são analisados e aprovados pelo Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais, o Grupohab, ligado à Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano, a Sedhab. O grupo trabalha norteado pelo seguinte objetivo: proporcionar moradia com qualidade de vida.
E como a qualidade de vida também está relacionada à convivência entre vizinhos, tem sido fundamental o trabalho técnico-social desenvolvido pelos servidores da Sedhab e funcionários da Companhia de Desenvolvimento Urbano, a Codhab. Esse trabalho prepara os moradores da faixa 1 do Programa (renda mensal de até R$ 1,6 mil) para uma nova realidade: morar em condomínio e viver em comunidade. “A maioria dessas pessoas morava em lotes divididos com mais três famílias, ou então em um quartinho nos fundos da casa de algum parente”, lembra Esly Eduardo Luz, Secretário Executivo do Grupohab.
Dessa forma, o trabalho técnico ensina essas pessoas a administrar as contas de um prédio e a dar manutenção ao lugar, bem como regras para se viver em comunidade, como respeitar a Lei do Silêncio, por exemplo. “No Programa, há gente conseguindo comprar a casa própria e que vivia na rua como catador de lixo”, lembra Eduardo.
Mas os projetos apresentados pelas construtoras escolhidas por licitação também passam pelas mãos de outros técnicos da Sedhab: os que trabalham na Gerência de Estudos da Paisagem. Eles analisam e fazem considerações a respeito de tudo que se refere ao urbanismo e ao paisagismo.
Um dos pontos que recebem mais atenção dos urbanistas da Sedhab é a arborização. As árvores precisam ser de fácil manutenção, de espécies nativas do cerrado ou de fácil adaptação ao bioma e ter sementes de reposição na Novacap. Não podem ser venenosas nem tóxicas e a preferência é que não sejam frutíferas, evitando que as frutas, quando maduras, caiam no chão e levem as pessoas ao risco de escorregarem. As raízes também não podem crescer ao ponto de colocarem em risco as edificações, o que acontece algumas vezes no Plano Piloto com espécies plantadas na época da construção de Brasília.
Outro aspecto que os urbanistas da Secretaria têm em mente é que as árvores devem criar identidade visual nos locais em que forem plantadas. No Residencial Parque do Riacho, por exemplo, as espécies dão nomes às praças. O objetivo é que as pessoas se identifiquem com esses lugares. “Se as pessoas se identificarem com os lugares, elas vão conservá-los. Se não houver a identificação, aumenta o risco de depredação do patrimônio”, analisa a urbanista Yara Barbosa, que faz parte da equipe da Sedhab que analisa os projetos.
Essa equipe também pode fazer considerações sobre a iluminação, que deve sempre ser colocada no lado contrário à vegetação, para que as árvores não interfiram na luminosidade. Os técnicos analisam ainda a colocação de paraciclos, gola de árvores, lixeiras e fradinhos, equipamentos obrigatórios nos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida / Morar Bem .